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Amanda Gurgel no programa do Faustão |
• As classes dominantes usam os meios de comunicação para difundir sua ideologia e sua política. No entanto, em ocasiões muito raras, algo escapa ao controle. Seja por crises, seja por uma combinação especial de fatores, vem à tona uma voz que vem das massas.
Amanda Gurgel é uma professora grevista, militante do PSTU no Rio Grande do Norte. Uma figura admirável por sua militância, por sua firmeza como mulher e como professora. Ela teve a ousadia de questionar os deputados e a secretária da educação em uma audiência pública durante a greve. O vídeo dessa intervenção caiu no YouTube e virou sensação imediatamente.
O salário de R$ 930, o estudante entrando na sala carregando uma cadeira na cabeça, o descaso dos governos federal, estaduais e municipais com a educação. De repente, quase um milhão de acessos ao filme comprovou que aquela voz representava um sentimento de massas.
Veio então o convite para o programa do Faustão na Rede Globo. Era um passo maior e mais delicado. Seria possível, num programa assim, falar do mesmo tema, com o mesmo conteúdo, com a mesma autenticidade? Amanda, mulher e forte, assumiu o desafio. De repente, a professora que até duas semanas antes era desconhecida do grande público, falava para quarenta milhões de pessoas.
Toda a propaganda do governo Dilma, dos governos estaduais do PSDB, PMDB, PT de que eles “priorizam a educação” se choca com a realidade dos salários miseráveis dos professores e das péssimas condições de ensino. Faltava alguém que pudesse verbalizar isso e que tivesse acesso aos grandes meios de comunicação, monopolizados pelos governos e grandes partidos.
Através da voz de Amanda, falaram os professores do país, insatisfeitos com a situação da educação. Como é possível que um deputado ganhe o salário de trinta professores? Por que os governos tentam jogar a população contra os professores nas greves quando a luta é em defesa da educação de qualidade? No final, ela chamou um twittaço em defesa de 10% do PIB para a educação já. Terminou com um pedido de palmas para os grevistas da educação de todo o país.
De repente, a plateia do programa do Faustão, no horário nobre da TV, estava aplaudindo entusiasticamente as greves do país. A TV não estava sendo usada para difundir a ideologia burguesa do conformismo, mas para denunciar a situação da educação e aplaudir a mobilização direta dos trabalhadores. A importância das novas mídias se juntou com a força das greves na figura de Amanda.
Os trabalhadores desse país podem aprender com essa mulher de aparência tranqüila e determinada. Juntemos a força da nossa luta direta e a consciência política de quem não aceita mentiras. Esse acesso aos grandes meios de comunicação, não nos enganemos, é raro e não vai ter continuidade. A ilusão difundida pelo governo Dilma e pela oposição burguesa vai continuar.
Mas essa luta pode se transformar numa grande corrente de opinião com as greves, com a conversa entre os explorados e oprimidos. Os professores e estudantes desse país podem assumir, além de sua pauta imediata de reivindicações, a luta pelos 10% do PIB já para a educação.
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