Por Albione Souza - Professor de História.
Cristão e Militante do PSTU.
albione@ig.com.br
albione@ig.com.br
Os primeiros cristãos buscavam viver de modo a imitar o caráter do seu mestre Jesus Cristo. O desapego aos bens materiais desconcertava os gananciosos e avarentos que viam em tudo e todos oportunidade de aferirem lucros ou quaisquer outras vantagens pessoais; a velha lei de Gerson em ação.
Cristo vivia e ensinava com suas práticas concretas, era uma verdadeira pedagogia do exemplo de vida, não escrevia tratados complexos, fundamentados e justificados em teóricos, tampouco em cânones clássicos. O Homem de Nazaré preferia falar de coisas simples como crianças, terra, água, luz, sal, semente, vinho, azeite, plantação, colheita, grão, festas, coisas de fácil compreensão e significado para o povo simples do seu tempo.
Os sacerdotes, os fariseus e doutores da lei, em seu tempo, estavam mais preocupados em garantirem o controle social, através de “seus poderes inquestionáveis” de interpretar a palavra, a guisa de suas autoridades autoritárias em seus cargos hierárquicos, legitimados na lei e no templo judaico, símbolos da submissão e poderio econômico a uma “elite” religiosa e política, pautada no poder dos costumes e tradições opressoras e desumanizadoras, as quais o Cristo passou sistematicamente a questionar sua valia e legitimidade, preferindo estimular, em sua maioria, o povo excluído e destituído de bens materiais, de sua dignidade humana (samaritanos, leprosos, mulheres, mendigos, etc), considerados escórias sociais, ou mesmo desprovidos do livre acesso ao “Deus”, sempre intermediado pelos sacerdotes porta-vozes do templo, transformado no principal centro comercial, acumulador de bens materiais, às custas da manipulação e alienação dos seus fiéis.
A justiça, a partilha, a igualdade e o respeito eram imprescindíveis para Jesus Cristo e seu séquito. Por outro lado, sua sociedade era desigual, injusta, preconceituosa, gananciosa. A religiosidade não era discrepante à aceitação das corrupções, desde que cumprissem com as obrigações religiosas, postas acima de valores como o respeito e amor ao próximo; bastava apenas pagar o dizimo, seguir as leis, os costumes, as tradições, atos mecânicos e condicionados, gerando uma falsa comunhão com “Deus”.
Essa mesma inquietude produzida nos corações, mentes e espírito dos cristãos primitivos, continua ainda hoje nos levando a reflexões questionadoras e inconformadas acerca dos rumos dos cristãos contemporâneos; digo todos os cristãos, católicos, protestantes e etc.
Será que não estamos facilmente nos conformando com as corrupções e o vale-tudo do nosso tempo? Ou, como autênticos cristãos, nos posicionamos como Jesus Cristo, em favor de todos os marginalizados, excluídos, discriminados, explorados, injustiçados, como ele nos demonstrou, pagando com o preço da cruz decretada pelos religiosos e governantes hipócritas?
Atualmente em nossa sociedade muitas instituições religiosas, políticas e sociais rezam a cartilha dos falsos moralistas, assemelhando-se aqueles que em nome dos bons costumes e do respeito às tradições religiosas, atraiçoam o próprio Deus, dos cristãos, revelado e representado na vida de Jesus Cristo.
Os que humilharam, massacraram o Cristo, tentando inutilmente aniquilar seu exemplo, se assemelham aos que nos nossos dias fazem das Bíblias "saraivadas de pedras", arremessadas contra os novos discriminados e excluídos da sociedade, (homossexuais, sem-terras, ateus, crenças não cristãs, sem-tetos, mendigos, soros-positivos, negros, índios, pobres da periferia, prostitutas, militantes dos movimentos sociais e populares, etc) agindo como juízes injustos, decretando sentenças em seus raconrosos tribunais cheios de autos enganos e autos suficiências, esquecendo-se do maior exemplo de JESUS CRISTO DE NAZARÉ, que POR AMOR, DEU SUA VIDA PELOS QUE NÃO MERECIAM, COMO EU E VOCÊ. Este foi o maior exemplo daquele que em nenhum momento nos ensinou a julgar, apedrejar, eliminar, condenar e discriminar o seu próximo, mesmo os que pensaram e agiram de maneira diferente aos seus ensinamentos.
"Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também. Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão." Livro de Mateus, capítulo 7, versículos de 1 a 5 – Novo testamento)
.
Concordo precisamos ser mais parecidos com jesus em tudo
ResponderExcluir