11 de mar. de 2011

"ELEIÇÕES 2008: O ‘novo’ e o ‘arcaico’ na vida política de Ipiaú."




OBSERVAÇÃO: EM 2012 OS IPIAUENSES DECIDIRÃO QUEM ADMINISTRARÁ O MUNICÍPIO DE IPIAÚ ENTRE 2013 A 2016.


LEVANTANDO UMA REFLEXÃO SOBRE O TEMA, TRAGO À BERLINDA UMA BELA ANÁLISE POLÍTICA HISTÓRICA, ESCRITA PELO JORNALISTA JAIME ALVES  EM 2008, SOBRE A CONJUNTURA POLÍTICA DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2008, EM IPIAÚ.

SUGIRO QUE OS CAROS LEITORES DESTE BLOG FAÇAM SUAS ANÁLISES POLÍTICAS SOBRE AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS, PARA MELHOR DECIDIRMOS SOBRE O FUTURO DA NOSSA CIDADE.


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Por Jaime Alves *
De São Paulo (Escrito antes das eleições municipais de 2008)


Se as eleições fossem hoje, o quadro sucessório em Ipiaú estaria embolado. Graças a Deus que ainda temos tempo! Uma coisa já é certa: as eleições municipais em Ipiaú serão marcadas pela baixaria, o abuso de poder  econômico, e a mesmice de sempre. Hummm, talvez não!              Albione é uma das novas promessas da política local. Adilson Duarte também figura como grande alternativa na política local para 2008.

Analisando os números da pesquisa informal desta Gazeta e da Radio Livre de Ipiaú, dois novos nomes desponstam com significativa representatividade perante o eleitorado ipiauense. Albione Silva, do PSTU, e Adilson Duarte, do PT, são a novidade à esquerda na arena política dominada ou pelo centrismo esquisofrênico do PMDB ou pelos partidos de direita que se revezam no poder desde 1963 quando Euclides Neto quebrou a hegemonia do PSD e foi eleito prefeito pelo Partido Comunista do Brasil (PCB).




De lá para cá, a alternância de poder local sempre foi uma farsa: sob siglas fajutas, prefeitos são eleitos sem nenhuma coerência com a ideologia partidária que supunha representar.

Em Ipiaú a confusão ideológica é tão grande que há um consenso estabelecido mesmo entre os arqui-rivais da política local. Veja-se por exemplo a patética cena de disputa entre as duas principais coligações disputando o apoio do ex-governador Paulo Souto nas últimas eleições.                    Em se tratando do apoio de Souto, ambos os candidatos convergiam, ou leiloavam suas ideologias, em busca do lucro político. Pode chamar isso de prostituição política, fisiologismo.....blablablá.

Agora, com a entrada em cena de dois prováveis candidatos de esquerda, a linha entre projetos ideológicos ficará mais visível fazendo o eleitor decidir não mais entre clubes (desculpe-me, queria dizer partidos), mas entre projetos de governo e trajetória de vida dos candidatos. Portanto, a maior contribuição que a esquerda poderá dar à política local, caso tenha candidatos, será das duas uma: empurrar os tradicionais “coronéis” para o espaço em que eles se ambientam com familiaridade, isto é, autoritarismo, demagogia, nepotismo, patrimonialismo... e tantos outros ismos tão bem conhecidos aqui, ou fazê-los discutir projeto de governo, o que nunca fizeram porque nunca tiveram.

O fator complicador aqui é que parte da esquerda ipiauense já está comprometida até o pescoço com a estrutura perversa que faz da política local uma arena de negócios. Salta aos olhos, por exemplo, a contraditória atuação dos partidos de esquerda na Câmara de Vereadores. Tem partido de esquerda em Ipiaú que mais se parece com o DEM. Além do mais, o eleitor ipiauense vai começar a avaliar a atuação de Jaques Wagner a partir dos seus candidatos nas eleições locais ano que vem.

Portanto, a atuação do governo do estado vai pesar, para o bem ou para o mal, na sucessão de Ipiaú. O PT, que caminha a passos largos rumo ao centrismo, terá capacidade de manter a independência em relação aos outros partidos aqui? Terá vontade de mantê-la? Por outro lado, o sectarismo do PSTU permitirá o partido chegar algum dia ao poder e realizar seu projeto socialista? São perguntas que apontam para a confusão dos diabos que vão ser as próximas eleições municipais em Ipiaú.

Uma coisa parece certa: os dois novos nomes já estão forçando o tradicional clube do bolinha a repensar estratégias. Enquete da Gazeta revela que se as eleições fossem hoje, o pré candidato do PMDB Deraldino Alves teria 47,35% dos votos, Amadeu Lima, do (PR) teria 23,86%, Albione Silva do PSTU estaria com 14,17%, e Adilson Duarte do PT teria 7,83%.

A pré-candidata do prefeito José Mendonça desponta com míseros 6,79% das intenções. Pra falar a verdade, os números não impressionam muito. Dado o fiasco da atual administração e os últimos desgastes políticos da “crise do urubu”, Sandra Lemos (PP) bem que tem um desempenho bastante significativo. Além disso, é de se esperar que o eterno candidato Deraldino Alves apareça no topo das preferências depois de tantas atrapalhadas do adversário. O mesmo pode se dizer de Amadeu Lima, que conta com o apoio do padrinho político o controverso deputado Sandro Regis. Além do mais, Amadeu está a mais de um século no cenário político local, daí o bonus de largada.


Os números da enquete da Gazeta não possuem validade científica, mas apontam algumas tendências importantes. E aqui é que o bicho pega: quando perguntados “em quem jamais votaria para prefeito”, o eleitor se mostra precavido. Sandra Lemos aparece com o mais alto índice de rejeição, ou seja, 51,14%, o que deve fazer a vice-prefeita repensar urgentemente sua estratégia para poupar o prefeito de um sério vexame político.


 Se Lemos insistir em sair candidata e se confirmar as tendências, o prefeito José Mendonça terá poucas chances de colocar em prática sua ambição de alçar vôos maiores na política regional. O que conta a favor de Lemos é o empreendedorismo e a figura simbólica de ser a primeira mulher candidata a prefeita do município. Num ambiente dominado pelo machismo, este seria o ‘novo’! Espere aí... mas não é só Lemos que deve ficar preocupada não! Nada menos que 22,72% dos que responderam a enquete disseram não votar no pré-candidato do PMDB mas nem que Bento XVI peça de joelhos. De onde vem a rejeição aos dois mais visíveis candidatos? Da percepção popular de que eles representam o arcaico, o velho em um momento de inovação na política nacional.

O único ‘possível’ candidato que pode dormir tranqüilo com os números é Albione Silva. Apenas 2,45% dos internautas disseram não votar no jovem do PSTU, um percentual de rejeição baixíssimo. Albione também cresce nas pesquisas: ele aparece com 14,17% na enquete da Gazeta e com 29,80% na pesquisa da Radio Livre de Ipiaú. Uma das explicações para o bom desempenho de Silva é sua atuação política fora dos espaços institucionais de poder: sindicalismo, movimentos sociais, movimento estudantil, pastoral da juventude, em todos estes espaços Silva já andou.

Tanta atuação já lhe rendeu inclusive a proeza de ter sido aprovado em primeiro lugar em concurso público e não ser convocado. Punição! É também no site da Radio Livre que Adilson Duarte (PT) aparece com a mais expressiva votação, 43,05% das preferencias, à frente de Alves com 12,58%. Nesta condição Duarte, que hoje passa por prova de fogo como diretor do Hospital Geral de Ipiaú, tem margem de sobra para emplacar como candidato. Terá coragem ou se apegará à vaidade da vaga na Câmara de Vereadores? Como se sairá à frente do HGI, uma calamidade pública histórica?

O novo nas próximas eleições serão os partidos de ‘esquerda’ [ultimamente tenho tido calafrios com este termo] colocando duas questões na ordem do dia:

a) primeiro que o eleitor está cansado do discurso malandro dos tradicionais candidatos que transformam o poder em profissão. Ipiaú cresce, e já não há mais espaço para figuras políticas ficarem dez, vinte, trinta anos no poder entre uma legislatura na Câmara e um cargo na      Prefeitura! Basta!

b) existe uma falta crônica de projeto político para o desenvolvimento local. Os tradicionais candidatos representam um jeito perverso de fazer política baseado no mando, na obediência, no autoritarismo e na “politicagem”. Qualquer que seja o candidato, há que se discutir um projeto de governo com o povo, e não para o povo.

C) o eleitor não admitirá o jogo publicitário imundo que emporcalha as rádios locais, o abuso de poder econômico e a perversão aos princípios mínimos do jogo democrático.
Ipiaú se beneficiará com as reflexões que o novo cenário político local propiciará. Vai ser bonito ver a polarização mudar de rumos. Ao invés de‘tora’ versus ‘garranchos’, ou ‘jacus’ versus ‘urubus’, ou o diabo que seja, a polarização será entre os que têm projeto político de governança e os que entendem o poder como espaço público para exercício das vaidades pessoais. A questão central das eleições/2008 será: que Ipiaú queremos?

Não há nenhuma garantia de que o ‘novo’ será necessariamente melhor do que o ‘velho’ jeito de fazer política. Essa dicotomia é problemática e ninguém se arriscaria a dizer isso dada a promiscuidade em que se transformou a ida política como profissão, balcão de negócios, empresa particular. Ainda assim, há que ser fiel à história. Não se pode negar que uma característica intrínseca dos partidos de direita é a promiscuidade e a falta de apreço à democracia plena. Eu fico, por ora, com a curiosidade em saber que resposta o eleitor dará ao desafio do momento: construir a cidade que a gente quer, com a participação de todos, para todos! Qual dos  candidatos responderá a esta questão? Quem tem projeto político popular? O debate está posto!


* Jaime Alves é jornalista, membro do Papamel e escreve regularmente para  a Gazeta de Ipiaú. Este artigo não representa necessariamente o ponto de vista das entidades com as quais o autor mantém vínculo.

A paz é fruto da justica!
La paz es fruto de la justicia




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