Na última década, Ipiaú teve três eleições municipais para escolha de prefeito, vice e vereadores. Foram nos anos de 2000, 2004 e 2008. Os pleitos foram marcados pela polarização na disputa do cargo majoritário entre o grupo que defende Deraldino e o outro a favor de José Mendonça. Ambas correntes trocam as peças e os partidos conforme a maré. Alguns que ficaram com Mendonça num pleito mudaram de camisa e outros que apoiavam Deraldino, hoje ostentam outra bandeira. Quem era PMDB hoje é PP, quem era PL hoje é PMDB, e outros que eram PMDB hoje estão sem partido. Assim vai se escrevendo a história política de Ipiaú.
Um fato interessante é a preliminar das eleições municipais que ocorre dois anos antes, quando os prováveis candidatos a prefeito fazem campanha para os seus deputados, governador, senadores e presidente. Mas o que conta, basicamente, é o resultado das eleições para deputado. Aquele que apoiou o deputado, independente de ser Estadual ou Federal, e que conseguiu a votação mais expressiva em Ipiaú, geralmente vence as eleições municipais.
Foi assim em 1998, Mendonça então candidato a Deputado Estadual (PMDB) foi o mais votado dentre os postulantes, considerando o Estadual e o Federal, e em 2000 foi eleito prefeito, pelo PTB. Em 2002, o mais votado foi Luiz Carreira (PFL), dentre todos, apoiado por Mendonça, e novamente em 2004, foi reeleito prefeito (PP). Em 2006 o deputado mais votado foi Sandro Régis (PL), apoiado por Deraldino, que, finalmente, se elegeu prefeito em 2008, pelo PMDB. Considerando o resultado da última eleição de deputados, em 2010, o mais votado foi Mário Negromonte, apoiado por Mendonça. Logo, se prevalecer essa premissa, na eleição de 2012, Mendonça sairá vitorioso, contudo, ele ainda está inelegível. Quem será o candidato e provável eleito?
Um aspecto relevante é que a votação dos dois grupos está sempre crescendo, apesar da queda do número de eleitores aptos a votar. Em 2000 eram 29054 eleitores já em 2008 apenas 25487, reduzindo o eleitorado em mais de 3500. Nas três eleições Deraldino obteve 7253 votos em 2000, 10217 em 2004, e 11020 em 2008. Mendonça começou com 9067, passou a 10228 e na última, sua candidata obteve 10460. Ambos aumentaram a votação.
A polarização entre os candidatos torna-os protagonistas, e uma terceira candidatura não passa de coadjuvante. Prega-se nos dias que antecedem a eleição, o tal de “voto útil”. Eu voto em Fulano para Beltrano não ganhar, ou voto em Beltrano para Fulano não ganhar. Tal disputa dos candidatos e decisão dos eleitores inviabiliza uma terceira candidatura. Na eleição municipal de 2008, Albione que foi um dos candidatos ao cargo majoritário da cidade, foi votado por apenas 232 eleitores, já quando concorreu ao cargo de senador no pleito seguinte obteve 7505 votos, com uma votação superior ao candidato que o prefeito apoiou. Dificilmente na eleição de prefeito conseguirá tal proeza.
Não obstante os dados apresentados espero que na próxima eleição haja uma ruptura nessa polarização e que a eleição tenha mais protagonistas e que os compromissos de campanha sejam realizados na gestão do eleito.
Nesmar Andrade
Advogado
Fonte - Ipiaú Hoje
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