21 de abr. de 2011

FATOS, ESPECULAÇÕES E MITOS DE UMA HISTÓRIA NACIONAL



Mi.to s.m.1 relato fantástico protagonizado por seres de caráter divino ou heroico que encarnam as forças da natureza ou os aspectos gerais da condição humana; lenda, fábula. 2 crença ou tradição popular que surge em torno de algo ou alguém. 3 fig. Uma noção falsa ou não comprovada. 



Este é, segundo o dicionário Houaiss, o significado da palavra mito, mas poderia ser a definição de dois importantes nomes da História do Brasil: Pedro Álvares Cabral e Tiradentes. Sobre eles e sobre os fatos históricos dos quais fizeram parte – o Descobrimento do Brasil e a Inconfidência Mineira – há versões e mais versões. Entre o relato oficial e as muitas especulações, uma certeza: estes dois momentos e seus principais personagens foram marcantes e determinantes para a História nacional.
Para entender a relevância deles, é preciso conhecer melhor suas trajetórias. Começando pelo Descobrimento do Brasil, navegamos de volta no tempo até o século XV. Após chegar à Ilha da Madeira e ao arquipélago de Açores e de ultrapassar o cabo Bojador, os portugueses tinham, em 1481, praticamente toda a costa africana sob seu controle. Mas a primeira ligação por mar entre a Europa Ocidental e a Índia só foi estabelecida em 1497, por Vasco da Gama.

Satisfeito com a expedição de Vasco da Gama, D. Manuel, rei de Portugal, decidiu enviar uma esquadra à Índia. No comando de 13 naus e 1.500 tripulantes estava Pedro Álvares Cabral. Durante a aventura, iniciada no dia 9 de março de 1500, um motivo não explicado fez a esquadra se afastar da costa africana e chegar, no dia 22 de abril, ao Brasil. Após uma semana Cabral retomou o caminho do Oriente, mas antes enviou a Lisboa uma carta de Pero Vaz de Caminha.

Quem descobriu o Brasil?

O Brasil estava oficialmente descoberto. Mas como na História, assim como em outras ciências, toda verdade é relativa, a versão oficial vem, ao longo dos anos, sendo questionada. Alguns estudiosos acreditam que Cabral tinha instruções para afastar-se de sua rota e tomar posse do Brasil. Segundo eles, outro português tinha estado aqui anteriormente. Considerado um gênio na astronomia, geografia e navegação, Duarte Pacheco Pereira teria, supostamente, chegado ao país em novembro ou dezembro de 1498.



Mas esta não é a única especulação acerca do Descobrimento do Brasil. O navegador espanhol Vicente Pinzón também é apontado como possível descobridor. Ele teria chegado aqui dois meses antes de Cabral. Estudiosos como o britânico Gavin Menzies vão além. Segundo ele, a armada chinesa esteve no litoral brasileiro em 1421. Já o professor de Filosofia e História, Ludwig Schwennhagen, defende a ideia de que os fenícios usaram o Brasil como base durante aproximadamente 800 anos.

Se não é possível saber ao certo o que aconteceu, resta a certeza de que foi a partir da oficialização do Descobrimento do Brasil que a nação começou a se formar, mesmo que em ritmo lento. Embora em sua carta Caminha tenha dado informações sobre a região e também feito algumas prospecções sobre o potencial econômico local, somente três décadas mais tarde os portugueses iniciaram as atividades regulares de colonização no Brasil. E é aí que nossa História efetivamente começa.

A colonização do Brasil foi um processo de povoação, exploração e dominação. O objetivo da Corte portuguesa era transformar o novo território em fonte de renda. Além de definir a forma de colonização, a exploração portuguesa foi determinante para outro momento importante da História brasileira – a Inconfidência Mineira – e para a construção de mais um mito nacional – Tiradentes.



Inconfidência Mineira






A partir da metade do século XVIII, a extração de ouro em Minas Gerais entrou em declínio. O governo português, no entanto, atribuiu a queda na produção ao provável contrabando e continuava exigindo pesados tributos dos mineradores. Em 1788, Visconde de Barbacena assumiu o governo de Vila Rica e, cumprindo ordens de Lisboa, colocou em prática a derrama – cobrança dos impostos atrasados.
A medida, claro, criou um clima de revolta e levou membros da elite e da sociedade a planejar um movimento contra a Coroa, a Inconfidência Mineira. Mas Joaquim Silvério dos Reis delatou o movimento ao governador em troca do perdão de sua dívida pessoal e as ideias dos inconfidentes terminaram não saindo do papel.

A par dos planos dos inconfidentes, o governador ordenou que Joaquim Silvério seguisse os passos de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, que na época estava no Rio de Janeiro, capital da Colônia. Tiradentes tentou fugir, mas acabou preso e assumiu sozinho a autoria dos planos. Condenado à forca, morreu no dia 21 de abril de 1792, no Rio de Janeiro. Sua cabeça foi levada para Vila Rica e pendurada em praça pública. Começou, assim, a ser criado mais um mito nacional.

Filho de Domingos da Silva Santos, português proprietário rural, e de Antonia da Encarnação Xavier, Tiradentes trabalhou como mascate e minerador, além de ter sido sócio de uma botica em Vila Rica. Foi lá que passou a se dedicar ao exercício da profissão de dentista, que lhe valeu o apelido de Tiradentes. Foi ainda alferes do Regimento dos Dragões de Minas, e alguns estudos revelam que, neste período, passou a observar e criticar a espoliação do Brasil por portugueses.

Ao longo dos anos, a figura de Tiradentes teve diversas interpretações e por muito tempo a Inconfidência foi vista como uma revolta de pouca ou nenhuma importância. Coube aos chefes e ideólogos da campanha republicana resgatar a figura de Tiradentes e projetá-lo como o primeiro líder popular da luta pela Independência. Logo após a Proclamação da República, em 1889, Tiradentes vira oficialmente herói nacional, e em 1890, o dia de sua execução, 21 de abril, é declarado feriado nacional.

fonte http://www.conexaoprofessor.rj.gov.br

 Albione Opina: O termo descobrimento expressa uma visão eurocentrica, pois estabelece a chegada de Cabral e o registro de caminha como "certidão de nascimento do Brasil". Esta versão escamoteia a existência dos povos pré-colombianos que habitavam este continente, com suas culturas e organizações sociais, produzindo suas histórias (pinturas rupestres, cerâmicas, vestígos arqueológicos etc).

Também é questionável a hipótese da chegada casual de cabral, sobretudo considerando que o tratado de Tordesilhas, aprovado desde 1494, dividindo a "América" entre Portugal e Espanha, foi estabelecido 6 anos antes da chegada de Cabral e  sua esquadra na América portuguesa. Assim a terra já conhecida apenas foi formalizada a posse em 22 de abril de 1500 por Portugal.




 

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