A situação do ministro das Cidades, Mário Negromonte, ficou ainda mais frágil depois da denúncia publicada ontem pelo Estado. Abandonado pela cúpula do PP, ele está sendo 'fritado' pelos próprios colegas de partido. Os pepistas reivindicam a manutenção da pasta, mas querem substituir Negromonte por outro correligionário durante a reforma ministerial, que a presidente Dilma Rousseff pretende fazer no início de 2012.
Negromonte está isolado dentro do PP há, pelo menos, seis meses. A maioria da bancada no Congresso não o apoia, o acusa de incompetência e quer vê-lo fora do ministério. Além disso, deputados e senadores argumentam que ele não foi uma escolha da bancada, mas uma indicação do governador Jacques Wagner (BA).
Em conversas de bastidores, os adversários do ministro no PP não escondem a satisfação com seu envolvimento em denúncias e até torcem para o surgimento de novas irregularidades que o atinjam diretamente. Nesse cenário e sem respaldo político, Negromonte é dado como carta fora do baralho dentro do partido.
Mas assim como fez com o ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), a presidente Dilma está disposta a manter Negromonte até a reforma ministerial. Foi com esse intuito que o Planalto tentou minimizar a denúncia.
Para abortar uma nova crise na Esplanada, o governo afinou o discurso com o ministério e responsabilizou o governo de Mato Grosso pela mudança do parecer que permitiu trocar o BRT pelo VLT, em Cuiabá, tornando a obra R$ 700 milhões mais cara.
O próprio governador Silval Barbosa (PMDB) esteve no Palácio do Planalto defendendo o VLT e propondo a substituição, inclusive com nova linha de financiamento para o novo projeto. 'Ele fez o lobby e isto é natural porque é o interesse do Estado que está em jogo', disse uma fonte. Para esta mesma fonte, o valor proposto pelo financiamento para o projeto era o mesmo inicial e não houve alteração.
Embora tenha tentado minimizar a denúncia, o Planalto reconhece que houve um 'malfeito' no processo de substituição do parecer, mas entende que este assunto deve ser resolvido pelo próprio ministério. O fato de o parecer técnico ter substituído o 'não contempla' por 'contempla' foi considerado 'grave', pela forma como foi feito, mantendo o mesmo número de parecer. Mas, mesmo considerando esta forma errada, auxiliares da presidente tentaram justificar o ocorrido alegando que, 'talvez', a manutenção do número do parecer tenha sido usado para apressar o andamento do processo e não precisar começar do zero, atrasando a sua execução.
FONTE - ESTADÃO
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