8 de out. de 2011

O ADMIRÁVEL ZENILDO



Por Orlindo Lopes

Na década de sessenta, quem visse aquele moço alto, forte, ainda jovem, envergando a camisa três dos aspirantes do inesquecível Independente de Juju e Cobrinha, do Vasco de Louro, ou ainda do fabuloso Ipiaú de Dizon, e ainda não o conhecesse pessoalmente, de certo que tiraria conclusões precipitadas.

Zenildo, o nosso personagem desta semana, em razão do seu corpanzil, dava a ideia de zagueiro desleal, viril, e batedor, do tipo Abel, Brito, Fontana, Beline, que eram temidos e excessivamente respeitados pelos atacantes brasileiros, sobretudo porque chegavam antes, impunham autoridade na defesa, não alisavam seja quem fosse o adversário, de time grande ou pequeno, não importava. Se não levavam vantagem no jogo leal e tivessem que apelar para evitar uma chance de gol contra seu time, fatalmente apelavam.

Mas mesmo que a princípio passasse essa falsa impressão para as pessoas, na realidade Zenildo era de uma docilidade, e de uma decência sem limites. Dos beques conhecidos como “carniceiros” ele não tinha nada. Jogava limpo, na bola, jamais utilizou a força que lhe era comum para ganhar uma jogada de qualquer que fosse o avante contrário.

Em plena evolução do futebol de Ipiaú, para qualquer time disputar um campeonato municipal, era obrigado a inscrever junto com o titular, também um time de aspirantes, que era formado por jogadores que não eram utilizados pelo treinador da equipe titular, mas que sonhavam um dia figurar entre os titulares. Por isso ótimos times da base foram formados por Independente, Ipiaú, Vasco, Cometas, Estudantes, Fluminense, e os jogos preliminares eram aperitivos que atraiam os torcedores a chegarem mais cedo ao Estádio e ao invés de um, assistiam a dois grandes jogos, um após o outro.

Foi quando conheci Zenildo. Ele participava dos aspirantes do Independente. Jogamos juntos muitas vezes. Aliás, fomos campeões. Era um timaço! Me lembro do time, João Nega, Chico, Zenildo, Nelsinho e Wilson, Ely e Enéas Macedo, Ari, Cica, Daniel e Orlindo. Ainda tinham alguns reservas, mas naquele tempo não se podia fazer substituições. Todos novinhos em folha, chegando aos dezoito, apenas começando, uns jogavam muito e alcançaram o time de cima, outros nem tanto, mas que a molecada toda tinha talento, isso tinha!

Desde o meu primeiro contato como amigo de Zenildo, tive sobre ele a melhor das impressões. Extremamente gentil, e gente de extrema qualidade, não conseguiu limitar o carinho que sempre dispensou aos amigos.

O futebol não foi profissão para Zenildo. Durante o tempo em que ele jogou no Independente, no Ipiaú, ou na própria Seleção, jamais tive conhecimento de que ele tenha exigido qualquer coisa em troca.

Zenildo, até aqui, deu um monte de exemplos na vida, de cidadania e de lições para nossos filhos e netos, excelente educador, amigo fiel e decente que sempre foi, hoje goza naturalmente de uma recompensa das mais valiosas, que é a certeza de que toda Ipiaú o admira e idolatra com a maior justiça, pelo amigo e pai de família exemplar que é.

De todas as formas possíveis e imagináveis Zenildo serviu à sua terra amada. Por muitos anos foi funcionário do mais alto gabarito do Banco do Brasil, foi e ainda é mestre no ensino da matemática, ajudou a formar para a vida grande parte do que era a juventude da sua época, e além de muitas outras ações sociais, atualmente exerce o elevado grau de Venerável da Loja Maçônica Fraternidade Rionovense, que ostenta com soberania e equilíbrio, enchendo a todos nós de muito orgulho.

Estou certo que esta é uma homenagem que todos os ipiauenses, indistintamente, gostariam de fazer a este moço nobre, de caráter ímpar, e por isso a minha responsabilidade em fazê-la cresceu gradativamente.

Zenildo, esse notável ser humano, com certeza, escreveu com letras vivas o seu honrado nome numa página inteira do livro que conta a história do futebol de Ipiaú. Você merece sim, meu amigo Zenildo!

Que Deus o abençoe, meu irmão!

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